A lei áurea completou na semana passada 125 anos. Acabou o
regime escravocrata de maior duração no mundo. O ano era 1888, o quadro da
sociedade era outro, a idéia, ou melhor
a iniciativa foi boa. Mas passados mais
de um século desde sua assinatura, tenho a impressão de que as amarras das
restrições que deveria abolir toda e
qualquer forma de escravidão estão longe
de acabar. Preconceitos, diferenças
sociais o abismo criado pelo período escravocrata jamais se corrigiu. Os negros
ainda recebem 40% a menos, tem menos escolaridade e chances menores de chegar a universidade . Que existe uma dívida
da sociedade com essa parcela da população não há dúvidas, mas me questiono se
essa divida social também não pertence as outras parcelas da população afinal
os índios eram proprietários legítimos dessa terra e após serem massacrados
e/ou colonizados como preferirem hoje são tratados como seres indefesos, que
precisam de leis especificas para atos da vida civil e só podem viver em áreas
protegidas e delimitadas como se fossem
visitantes. Somos um povo
escravizado por natureza, e passamos a vida tentando encaixar as peças certas
para driblar as desigualdades do dia a dia, geradas por decisões do passado.
Derrubar preconceitos
do passado, ações retrógradas e principalmente superar a culpa por essas ações são o primeiro passo para uma nova visão de
sociedade, onde igualdade é dar condições iguais para todos, todas as classes,
cores, raças e etnias.
Somos todos iguais, cada um com suas diferenças. A
desigualdade ainda existe porque pensamos de forma desigual, a sociedade
evoluiu e muito, mas nosso pensamento
ainda se escraviza quando se trata da evolução , quando se fala em igualdade é
difícil se colocar no lugar do outro, quando se fala de liberdade
é preciso também falar de responsabilidade. Igualdade, liberdade e justiça são
mais que palavras, também são perspectivas. Liberte-se você também. Pense no
amanhã, agindo hoje.