Essa semana seria a rodada de algum convidado, mas, como não consegui nenhum, vou postar um texto do site "casal sem vergonha" sobre os sonhos e sua realização.
http://www.casalsemvergonha.com.br/2013/05/29/frustracaofobia-porque-quem-so-sonha-nunca-realiza/
Aí vai:
"Já perdi as contas das tantas vezes que
ouvi alguém falando, com o peito estufado, o quanto sonhava em fazer
algo. Até aí, tudo bem, afinal, toda e qualquer realização começa com um
simples sonho, não é mesmo?
Já escutei amigos dizendo que queriam
viver do surfe e, como manda o figurino de um bom camarada, eu os apoiei
com todos os olhares de “vai dar certo”. Emprestei para eles um pedaço
de parafina, a minha prancha toda, o repelente contra tubarões, a
companhia no mar estupidamente gelado e os melhores conselhos que pude
tecer, mas logo percebi que nada disso adiantaria, porque não há
incentivo que vença o medo. O mundo está cheio de gente que morre de
medo de tentar verdadeiramente, de gente que deixa prevalecer um enorme
pavor das possíveis frustrações advindas daquilo que nem sempre acontece
como planejamos. E pior: descobri que aquela vontade toda dos meus
amigos em fazer do surfe um ganha-pão não era nem sequer um sonho, e sim
uma utopia confortável, escolhida pelo simples fato de ser impossível
de ser alcançada por alguém que não estava realmente disposto a virar a
mesa ou levantar a bunda da areia fofa.
A “frustraçãofobia” não é algo exclusivo
desses amigos que hoje nem surfistas de tábua de passar roupa se
tornaram. É um medo demonstrado todos os dias através das falas daquelas
pessoas que vivem dizendo que querem conhecer alguém interessante e que
nem de casa saem para criar a chance de isso acontecer. E, quando saem,
nunca dizem nem um sucinto “quer jantar comigo?” para aquela garota
interessante, com medo da possibilidade de receberem um ainda mais breve
“não”. O mesmo acontece com aqueles que dizem querer emagrecer, mas
nunca abrem mão dos cinco pedaços de pizza em uma refeição, ou com as
pessoas que querem tocar melhor do que o Jimmy Hendrix, mas morrem de
preguiça de treinar os acordes básicos.
E para piorar o cenário, há ainda os
desmotivadores de sonhos. Muitos disseram que se eu fosse um escritor,
eu correria grandes riscos de um dia acordar junto com alguns mendigos,
sem dinheiro e com meus garranchos perdidos entre jornais velhos e
amassados. Talvez isso realmente aconteça e pode ser que eu acabe a vida
lendo poemas em troca de míseros trocados, mas só conheço um jeito de
talvez provar que aqueles que não acreditaram em mim estavam errados:
aceitando o risco iminente dos muitos “nãos”, “você é um merda” ou
“enfia esse livro no cu” e até “minha priminha de cinco anos escreve
melhor do que você”.
Sonhar é bom, sei que é, mas preste
muita atenção nos seus sonhos e veja bem se eles não são utopias, atrás
das quais você se esconde para evitar as frustrações naturais da vida.
Pense que nada será inatingível se você realmente quer atingir. Eu, por
exemplo, sonhava em escrever um livro, e hoje não sonho mais. Sabe por
que? Porque sentei a bunda na cadeira e, enfim, escrevi. Varei
madrugadas, deixei de aparecer em festas e peguei até gripe de tanto me
alimentar somente de papel e pensamentos. Mas eu fiz. E, felizmente,
aprendi que o gosto da realização é muito mais saboroso do que o aroma
não palatável de qualquer sonho."
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