Este blog surgiu entre conversas de “buteco”, depois de tanto ouvir as amigas falando sobre desilusões amorosas, aventuras e desventuras sentimentais, trabalhos problemáticos, destinos incertos, “amigas da onça” e demais blá, blá, blás relacionados às incertezas da vida. Resolvemos botar pra fora! Escrever um livro!! Mas... na falta de um editor que compre nossas idéias, um blog é um bom canal pra falar sobre todos esses assuntos e compartilhar com todas as gurias as agruras de sermos mulheres bem resolvidas, no séc. XXI. Sintam-se à vontade gurias e guris pra comentar os assuntos e dar sugestões!!

domingo, 22 de julho de 2012

Butequeiro da rodada: Graciliano Rossi

                                                       O leite condensado

Depois de séculos que a amiga Denise me cobra, aqui estou com meu traje inverno, pijama, meias por cima das calças e chinelo – nada combinando (o quadro da dor), quase duas da manhã escrevendo. A primeira pergunta que fiz foi sobre o tema a ser abordado e a resposta foi instantânea “tema livre”. Essa frase “tema livre” me fez pensar várias coisas e num misto de nostalgia me veio uma imagem da infância em que a professora pedia para fazer um “desenho livre”- com lápis de cera que eu odiava porque nunca o risco saía onde você estava imaginando pintar.
                Nessas lembranças fui reportado a um momento em que eu voltava de minha cidade natal Arvorezinha e um dos assuntos discutidos no carro foi o gosto do leite condensado. Sim, esse tema daria quase uma tese de mestrado, pelo menos para mim e para a Denise, que compartilhou da mesma sensação que a minha.
                Então, vamos ao tema, e acreditem, não se faz mais leite condensado como antigamente.
                Lembro que quando criança o leite condensado era considerado artigo de luxo, o protagonista de quase todas as sobremesas. Estranho isso, mas naquele tempo esse produto era comprado e estocado somente para momentos especiais. Ficava sempre guardado em lugares de difícil acesso para crianças porque era considerado, pelo menos por mim, como o sonho de consumo da vida e que só poderia desfrutar desse prazer quando a mãe fazia bolo e me dava a lata para rapar.
                De colher em colher eu sugava tudo sem deixar nenhum vestígio de sobra naquela lata milagrosa. Era tão bom o gosto do leite condensado. Terminado o ritual de comer o pouco que sobrou eu sempre conseguia cortar o dedo na tampa. Depois disso ficava sugando o sangue com medo te ter uma hemorragia. Você já fez isso? Se a resposta for sim vai lembrar que o sangue tem gosto amargo se comparado ao doce do leite condensado.
                Eis que um dia eu descobri o esconderijo do leite condensando. Estava eu e umas 10 latas, frente a frente. Trêmulo, fiz um pequeno furo na lata que na minha santa ingenuidade jamais poderia alguém descobrir o crime que cometi. Imagina comer um leite condensando sem ser em doces de momentos especiais, bem capaz. Dia após dia lá eu ia sugar o leite condensado por aquele pequeno furo até terminar e sentir na boca o gosto da lata. Ao terminar o líquido precioso devolvia a lata ao seu lugar como se nada tivesse acontecido e ainda na certeza que a mãe nunca iria descobrir a lata vazia.
                Essa tática também foi utilizada para o engradado de refrigerantes Fruki que meu pai guardava no porão de casa e que no domingo uma garrafa era dividida entre os irmãos. Gota a gota o refri era igualmente divido. Dessa vez o instrumento para furar a tampa era um prego. Eu bebia aquele refri durante quase uma semana (quente e sem gás). Uma delícia, a sensação era ótima,mas nada comparado ao leite condensado.
                Hoje, não me resta dúvida que o leite condensando tinha um gosto diferente. Já tentei aplica-lo no pão, no bolo, direto na boca e também no sexo, porém,ele nunca mais foi o mesmo daquele de outrora.  Talvez o gosto era tão somente de inflação ou de proibido, não importa. O que sei é que quando os sentimentos estão a flor da pele é que somos remetidos a nostalgia e assuntos tão bobos nos vem a cabeça.
Nem tô!
Me diga:
- O que seria da vida sem o gosto da saudade?

3 comentários:

  1. Bah! O leite condensado me lembra os brigadeiros que minha mãe fazia e eu comia de colherinha ainda quente! Não sei se o sabor do leite condensado mudou, mas ainda continuo louca por brigadeiro de panela!!

    Maaasss o que mais me remete à infância, sem dúvida, é o guaraná Fruki! Que gostinho de passado :)

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  2. Verdadeiro! Como é bom esse sabor de nostalgia em nossas vidas! Este gosto doce de saudade gostosa que nos remete aquela época de inocência e de valorizar pequenos acontecimentos... Eu me senti você neste momento. Como é doce a recordação do leite condensado roubado. Sem palavras mais. Beijos

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  3. LÉGIA SUA GOSTOSA


    E VC GRACI SEM COMENTÁRIO VC SUA FAMILA DE LADÕES

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