Depois de séculos que a amiga Denise
me cobra, aqui estou com meu traje inverno, pijama, meias por cima das calças e
chinelo – nada combinando (o quadro da dor), quase duas da manhã escrevendo. A
primeira pergunta que fiz foi sobre o tema a ser abordado e a resposta foi
instantânea “tema livre”. Essa frase “tema livre” me fez pensar várias coisas e
num misto de nostalgia me veio uma imagem da infância em que a professora pedia
para fazer um “desenho livre”- com lápis de cera que eu odiava porque nunca o
risco saía onde você estava imaginando pintar.
Nessas
lembranças fui reportado a um momento em que eu voltava de minha cidade natal
Arvorezinha e um dos assuntos discutidos no carro foi o gosto do leite
condensado. Sim, esse tema daria quase uma tese de mestrado, pelo menos para
mim e para a Denise, que compartilhou da mesma sensação que a minha.
Então, vamos ao tema, e
acreditem, não se faz mais leite condensado como antigamente.
Lembro que quando criança o
leite condensado era considerado artigo de luxo, o protagonista de quase todas
as sobremesas. Estranho isso, mas naquele tempo esse produto era comprado e
estocado somente para momentos especiais. Ficava sempre guardado em lugares de
difícil acesso para crianças porque era considerado, pelo menos por mim, como o
sonho de consumo da vida e que só poderia desfrutar desse prazer quando a mãe
fazia bolo e me dava a lata para rapar.
De colher em colher eu sugava
tudo sem deixar nenhum vestígio de sobra naquela lata milagrosa. Era tão bom o
gosto do leite condensado. Terminado o ritual de comer o pouco que sobrou eu
sempre conseguia cortar o dedo na tampa. Depois disso ficava sugando o sangue
com medo te ter uma hemorragia. Você já fez isso? Se a resposta for sim vai
lembrar que o sangue tem gosto amargo se comparado ao doce do leite condensado.
Eis que um dia eu descobri o
esconderijo do leite condensando. Estava eu e umas 10 latas, frente a frente.
Trêmulo, fiz um pequeno furo na lata que na minha santa ingenuidade jamais
poderia alguém descobrir o crime que cometi. Imagina comer um leite condensando
sem ser em doces de momentos especiais, bem capaz. Dia após dia lá eu ia sugar
o leite condensado por aquele pequeno furo até terminar e sentir na boca o
gosto da lata. Ao terminar o líquido precioso devolvia a lata ao seu lugar como
se nada tivesse acontecido e ainda na certeza que a mãe nunca iria descobrir a
lata vazia.
Essa tática também foi utilizada
para o engradado de refrigerantes Fruki que meu pai guardava no porão de casa e
que no domingo uma garrafa era dividida entre os irmãos. Gota a gota o refri
era igualmente divido. Dessa vez o instrumento para furar a tampa era um prego.
Eu bebia aquele refri durante quase uma semana (quente e sem gás). Uma delícia,
a sensação era ótima,mas nada comparado ao leite condensado.
Hoje, não me resta dúvida que o
leite condensando tinha um gosto diferente. Já tentei aplica-lo no pão, no
bolo, direto na boca e também no sexo, porém,ele nunca mais foi o mesmo daquele
de outrora. Talvez o gosto era tão somente
de inflação ou de proibido, não importa. O que sei é que quando os sentimentos
estão a flor da pele é que somos remetidos a nostalgia e assuntos tão bobos nos
vem a cabeça.
Nem tô!
Me diga:
Bah! O leite condensado me lembra os brigadeiros que minha mãe fazia e eu comia de colherinha ainda quente! Não sei se o sabor do leite condensado mudou, mas ainda continuo louca por brigadeiro de panela!!
ResponderExcluirMaaasss o que mais me remete à infância, sem dúvida, é o guaraná Fruki! Que gostinho de passado :)
Verdadeiro! Como é bom esse sabor de nostalgia em nossas vidas! Este gosto doce de saudade gostosa que nos remete aquela época de inocência e de valorizar pequenos acontecimentos... Eu me senti você neste momento. Como é doce a recordação do leite condensado roubado. Sem palavras mais. Beijos
ResponderExcluirLÉGIA SUA GOSTOSA
ResponderExcluirE VC GRACI SEM COMENTÁRIO VC SUA FAMILA DE LADÕES